Comumente se ouve as mulheres de hoje dizendo que não vão depender do parceiro, que precisam trabalhar e manter sua independência. Filhos são sinônimo de atraso em seu desenvolvimento e que ser “do lar” é para as “fracas”. Pode-se ver casais dividindo contas como sócios dividem despesas, cobrando desempenho da outra parte com o direito de um investidor sobre seus prestadores de serviço. Fruto de uma geração de mães que não podiam escolher direito, e por este e outros tabus também não podiam se separar, sentiam-se encurraladas e impotentes diante dos maridos, que controlavam toda a vida financeira, portando eram os “chefes”. Essa geração de mães passou para suas filhas o legado de independência, numa conotação estranha de relacionar não se relacionando, casar como um mal necessário e que a maternidade é um atraso e só pode acontecer depois que ela estiver bem preparada financeiramente ( porém sem óvulos), para poder criar sua prole sem ter que se submeter ao seu parceiro.
Em contrapartida, os homens ficaram uns folgados que aproveitam de toda essa situação; ficam na casa dos pais até trinta e tantos, transam por aí com várias meninas de família sem ter que “rebolar” para conquistar e sustentar, são pouco ambiciosos pois podem dividir a conta com a mulher e etc…….. Eternos infantis que não se preocupam em desenvolver seu potencial de provedor. Isso não é mais valorizado e, pelo contrário, segundo o discurso neo-liberalista isso é feio……. machismo.
Quando o relógio biológico apita é o momento desesperado de se encontrar um coadjuvante para engravidar. Tudo tem de ser rápido, mal resolvido e o resultado é que quando vem um filho, este tem poucas garantias de que verá seus pais juntos até sua adolescência. E na hora de criar….quem tem paciência? As que mais vão conviver com estas crianças serão babas, funcionárias de creches, vovós, professoras e não as mães, que vão estar a maior parte do tempo ocupadas trabalhando. Quando chegam em casa, vêm a jornada dupla e a culpa por estar tão pouco com suas “crias faz com que essas progenitoras abram concessões na criação, enquanto os pais mal vêm nos fins de semana à cada quinze dias e, também não se empenhando em educar, apenas se queixam do péssimo resultado que lhes salta aos olhos. Brigam, mesmo separados, culpando quem mimou, sem se preocupar em como deixar de mimar.
Nesse momento eu me pergunto: que conceito é esse que vivemos hoje sobre relacionamento romântico e casamento? Aonde foi parar o carinho, interação e confiança necessários para o casal se tornar uma família? O que será da próxima geração? Fico aflito em ver tanto desajuste emocional sem rumo. Sem ajuda. Precisamos de um futuro emocional melhor.
Por:
Dr. João Borzino
Sexologia e psicoterapia sexual
Saúde mental
www.drborzino.com.br