* Dr. João Borzino
Os homens brasileiros são mais infiéis do que as mulheres. Pelo menos, foi o que revelou a atualização de uma pesquisa feita pelo do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em 7 capitais do País, com cerca de 3 mil homens e mulheres com idade média de 36 anos.
Mas, por que isto acontece?
Eu diria que por fatores culturais e antropológicos.
Em sociedades que têm no machismo sua base cultural, há uma prevalência maior no número de casos de traição. Isto porque, nestes lugares, o comportamento dos homens é orientado a separar as mulheres em dois grupos: as que são “para casar” e as que são “apenas para se divertir”.
Para este tipo de homem não existe traição se ele “apenas” sair com outra, desde que ele não deixe sua família por causa disto. Em outras palavras, ele justifica a traição, alegando que só está saindo com alguém “para se divertir”, mas que jamais se separaria de sua esposa, da mulher com quem se casou e teve filhos, pois ele a “ama”.
Do ponto de vista antropológico, o homem é mais promíscuo que a mulher.
Como em qualquer espécie animal, para os machos o sexo é algo carnal, menos afetivo e visual; eles buscam por meio do sexo uma forma de “espalhar” seus genes e “preservar a espécie”. Por isso, é que para um homem transar com um mulher, basta que ele olhe para ela, goste e aprove o que viu. Ponto!
Não podemos esquecer, no entanto, que se há um homem que trai, existe também uma mulher traída ou disposta a aceitar esta situação.
Isto porque as mulheres (ou fêmeas) são mais afetivas, seletivas e menos sexualizadas. Para elas ter uma relação sexual sem o provável compromisso de uma ligação futura (noivado, casamento etc.), empiricamente, representa o risco tornar-se mãe solteira. Afinal, se não há um macho, quem vai “caçar” por esta família?
Nós evoluímos muito, é verdade. Porém, muitas coisas ainda são instintivas, como a traição; ela faz parte da essência da espécie humana e, por isso, continuará a acontecer.
Ser infiel é “natural”, porém, não é correto! E deveríamos respeitar isto.
* João Luis Borzino é sexólogo e terapeuta sexual de casais, com mais de 12 anos de atuação profissional.