Gente que num momento está tudo ótimo e, de repente, tudo fica péssimo… Ou ainda, que dizem “eu te adoro” pela manhã, “eu te odeio” ao meio-dia e voltam a dizer “eu te amo” a noite?
Não, elas não são loucas. Mas, elas podem ter um transtorno de personalidade que atinge entre 1,6% a 5,9% da população mundial, especialmente as mulheres e que pode acabar com qualquer relacionamento, seja ele amoroso ou de amizade.
Estou falando do Borderline, um transtorno psiquiátrico que só teve um diagnostico mais preciso a partir da década de 1980 e que se caracteriza por um histórico de instabilidade emocional, angustia e prejuízo no desempenho das relações social, profissional e amorosas.
Pessoas com Borderline podem levar o parceiro ou a parceira à loucura, porque tem uma necessidade excessiva de confirmar que o outro a ama. Por isso, mesmo sem qualquer razão aparente, pergunta várias vezes o que o outro sente a seu respeito; quer provas de amor e costuma ser melodramática.
Na maioria dos casos, o parceiro ou parceira ignorando a origem do problema e, portanto, não compreendendo o porquê de tanto sofrimento e cobrança, tem a tendência de abandonar ou adotar uma postura superprotetora em relação ao outro.
Isto pode agravar a situação, fazendo com que o Borderline se exponha a situações de risco como dirigir embriagado ou de machucar propositadamente (arranhões e automutilação) e, em casos extremos, pode até tentar o suicídio. Tudo para chamar a atenção do outro.
Normalmente estas pessoas são sexualmente intensas e, às vezes, adeptas a práticas não convencionais como o sadomasoquismo. Isto porque encaram o sexo como uma “arma” que pode “prender” o outro.
Fatores genéticos, situações traumáticas e de abuso sexual na infância, além de uma educação muito autoritária estão entre as principais causas para o aparecimento do transtorno. Cerca de 80% dos pacientes relatam que os pais tinham um relacionamento muito conflituoso, e muitos sofreram abusos físicos e sexuais dentro da família.
Estudos mostram que a medicação não é eficaz para o sentimento de vazio crônico, perturbações de identidade e medo de abandono da pessoa com Borderline. Por isso, a terapia é o método mais indicado para o acompanhamento destes pacientes, especialmente quando isto afeta a relação íntima do casal.
Como o borderline é uma pessoa que sofre muito, os atendimentos demandam muita energia e dedicação por parte do terapeuta, que tem que estar sempre à disposição deste paciente. Mas, a boa notícia é que quando tratado adequadamente o paciente poderá se organizar e melhorar a qualidade de vida e as suas relações.
Por isso, se você se identificou com situações expostas neste texto, não perca tempo.
Busque ajuda de um profissional!
* João Luis Borzino é sexólogo e terapeuta sexual de casais com mais de 12 anos de atuação profissional.